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quinta-feira, 31 de maio de 2012

#Resenha - Fuga de Sobibor, de Richard Rashke



Depois de várias semanas sem ler nada, me deparo com uma obra instigante, cruel e quase inverossímil. Fuga de Sobibor, como o próprio nome já diz, foi a maior fuga de um campo de judeus. Centenas de judeus se rebelaram no campo de Sobibor, contrariando toda a história que dizia que os judeus não reagiram. Muitos não reagiram, é verdade, mas os que o fizeram morreram tentando ou conseguiram escapar, mas foram muito poucos.

Histórias como as de Shlomo, Toivi, Selma e Chaim e Sasha, além de muitos outros, nos fazem refletir e pensar: "e se eu estivesse no lugar deles? Será que sobreviveria?" Hoje é muito fácil pensar que se os judeus tivessem se rebelado contra os alemães não haveria holocausto. Mas e o medo? E o pânico de ser colocado junto a várias centenas de pessoas num vagão que cabe um terço daquilo e que muitas pessoas chegavam mortas e em estado de decomposição? E o desespero das mães que queriam que seus filhos vivessem, das famílias que queriam se manter unidas e do desejo pessoal e individual da vida? Todos tinham esse desejo e, mentalmente, caminhavam para a morte na esperança de viver, agarravam-se a uma esperança doentia de que os alemães não podiam ser tão cruéis e que eles iriam apenas tomar um banho.

O livro traz a vida no campo, desde a chegada dos sobreviventes até a saída dos mesmos. Mesmo com as dificuldades e mesmo com a vontade sobrenatural de viver, muitos deles se perguntaram, após a fuga, o motivo pelo qual fugiram, porque eles se sentiam mortos, junto com suas famílias. A ganância dos poloneses irritou-me muitas vezes, e senti raiva de como os seres humanos entregavam os judeus como se fossem um pedaço de bife, em troca de ouro e comida.

E fica a pergunta no ar... Será que hoje em dia, com toda a tecnologia e rapidez de informação, o governo se omitiria e fingiria que nada acontece? Será que haveria espaço na nossa sociedade para um novo holocausto? Eu acredito que sim, porque não é apenas do século passado que esse ódio aos judeus existe. Vem desde a crucificação de Jesus, em que judeus deram a ordem para tal. E se o antissemitismo ainda existe, ele poderá, em algum momento de crise, aparecer novamente.

Sempre disse que Hitler foi um gênio, e reitero. Se ele tivesse usado sua capacidade para o bem, acho que ganharia o prêmio Nobel. Não se pode dizer que por ele ter sido um assassino maluco ele não tenha sido um estrategista de primeira. O fato é que parece que ninguém se importava com o genocídio simplesmente porque eram judeus. E se fossem católicos sendo assassinados, haveria holocausto? Acredito que até poderia haver, mas em menor escala, porque 6 milhões de católicos morrendo sem que os governos fizessem alguma coisa me parece inconcebível e muito fora da realidade.


Obs: os três momentos de raiva na leitura: raiva dos judeus, por não reagirem, raiva dos alemães, por serem uns imbecis, e raiva do governo e da sociedade, por serem um bando de incompetentes.

Recomendo a leitura, tem algumas fotos dos sobreviventes e relatos do próprio escritor quando começou o projeto do livro. Deparamos-nos com o sobrevivente ali, revivendo os dias de sangue e morte para o escritor. É um livro muito bom e chocante.

4 estrelas!


Esse livro faz parte do desafio literário 2012, com o tema de livros baseados em fatos históricos, ou algo assim xD

P.S 2: YAY! Tirei as teias de aranha do blog \o/

quinta-feira, 22 de março de 2012

#Resenha - Mulheres, de Charles Bukowski


Mais um autor do qual ouvi comentários muito bons. Não só sobre o modo diferente e único de sua escrita mas também pelas histórias em si. De qualquer forma, estava esperando uma leitura densa, com melancolismos excessivos e um toque de sarcasmo como tempero. Eis que me deparo com uma obra totalmente além das minhas expectativas.
Mulheres foi o terceiro romance da carreira de Bukowski. Escrito em 1978, o livro conta a história de Henry Chinaski, cinquentão apreciador de corridas de cavalos, lutas de boxe e, obviamente, mulheres. Chinaski vive uma vida regada a bebida e, incrivelmente, cercada de mulheres de todas as idades, desde os 18 até os 40. A surpresa que tive ao me deparar com um estilo de linguagem totalmente informal, e recheado de palavrões e pornografia, foi impagável. Até eu me acostumar com Bukowski levou certo tempo, mas é isso que faz as obras dele serem especiais: a parte técnica é esquecida completamente, e quando o leitor percebe, está vivendo a vida de Chinaski.
Véio mó style xD
A grande sacada do autor é falar da própria vida: Chinaski é o auter ego de Bukowski, criado em 1971. Perceber o personagem como o próprio autor é fantástico, e foi isso que me fez gostar cada vez mais do livro. Apesar de Chinaski ser o protagonista, a obra  conta com várias aparições de grandes personalidades femininas (a maioria delas com algum problema), e todas elas, invariavelmente, acabam sendo seduzidas pelo velho, por ele ser um poeta relativamente conhecido. E o que o homem faz de melhor é descrever as putarias que ele faz com as mulheres na cama (ou em outros lugares). 
O livro é ótimo, foi uma leitura inusitada e bastante apreciada. Prepare-se para um livro carregado de personalidade e linguagem própria, porque a impressão que tive é que estava sentada em um bar com o Chinaski ouvindo suas histórias, rindo e bebendo com ele. Acho que era exatamente com esse intuito que Bukowski escrevia desse modo: para abarcar todas as pessoas que se sentiam à margem da sociedade, como ele se sentiu a vida inteira. 

Gostei bastante e fiquei querendo mais dessa literatura!

4 estrelas
 

P.S: A capa da L&PM Pocket tem uma mulher nua na capa. Foi engraçado ver o olhar interrogativo das pessoas para o livro (inclusive minha própria mãe me xingou por eu ter comprado esse livro hahaha)

Essa postagem faz parte do projeto 501 grandes escritores!

sexta-feira, 16 de março de 2012

#Resenha - Os homens que não amavam as mulheres, de Stieg Larsson




De uns tempos para cá, muita gente vinha falando do sucesso explosivo da trilogia Millenium, com grande entusiasmo. Sempre vejo essas empolgações com certa desconfiança, e desde que essa febre veio à tona, não me empolguei muito a ler. Entretanto, essa minha desconfiança não tinha razão de existir, visto que a literatura me surpreendeu de maneira bem positiva.
O livro se inicia com histórias paralelas. De um lado, Mikael Blomkwist, um jornalista de uma revista intitulada Millenium que foi acusado duramente de difamação e sentenciado a 3 meses de prisão por uma matéria caluniosa contra o industrial Hans-Erik-Wennerström. De outro, Lisbeth Sallander, uma garota problemática, com aspecto anoréxico, tatuagens e piecings pelo corpo e uma atitude antissocial, que trabalha para a Milton Security como investigadora freelancer. O que um jornalista bem sucedido que foi condenado e uma jovem com problemas têm em comum? E como essas duas vidas se veem entrelaçadas por um misterioso desaparecimento de uma jovem, que data de 1966? Todas essas lacunas e dúvidas são tiradas neste que é, além de uma leitura instigante, um livro muito bem escrito. Stieg Larsson soube como cativar o leitor, e  nos faz discorrer, sem cansar, sobre 522 páginas de uma história fascinante.
 Entramos na vida desses dois personagens que cativam logo no início, por suas personalidades distintas, mas muito bem estruturadas. Apesar de o livro cair, em algumas vezes, na repetição, e ter algumas passagens meio cansativas, o todo dele fez com que a leitura fosse cada vez mais necessária, para saber e descobrir todo o mistério. É por isso que é uma leitura relativamente rápida.
É fato que o desfecho deixou um pouco a desejar. Creio que o autor estava muito ansioso para entregar tudo, e o fez com uma avidez que me deixou com o pensamento de “por que ele fez isso?”. Mesmo que pudesse ser feito de outra forma, a história em si compensa. Estou ansiosa pelo segundo volume, e é uma pena que o autor tenha morrido em 2004, sem ver o sucesso mundial de sua obra inteligente e perspicaz (ao menos o primeiro volume, mas tenho certeza que os outros serão tão bons quanto este foi).

4 estrelas.
 

P.S tentei fazer uma resenha baseada na falta de informação do leitor. Li algumas antes de chegar na parte do livro que descobrimos a história principal (que ocorre lá pela página 91) e fiquei decepcionada, porque ainda não tinha chegado nessa parte e não sabia absolutamente nada da história (sim, não li nem a sinopse do filme!)
P.S 2 Essa trilogia era para ter 10 volumes, mas parou na terceira por causa do infarto do autor, que morreu com 50 anos. São eles: Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do Castelo de Ar.

P.S 3 Mikael Blonkwist tem um quê de Larsson, pois ambos são jornalistas, têm uma revista fundada por eles que denunciam nichos diferentes e estão (ao menos na época em que escreveu) na casa dos 40 anos.

P.S 4 O livro têm duas adaptações: a sueca e a americana, que há pouco ganhou o Oscar de Melhor Edição e Montagem. Ainda, tinha mais algumas indicações, como a atriz que interpreta Lisbeth, Rooney Mara. Dizem que o filme sueco é melhor. Abaixo, respectivamente, suécia e Estados Unidos (Bem que podiam colocar uns atores mais sexys né... Cogitaram o Johnny Deep pra fazer o Mikael, eu apoiaria! Quanto à Lisbeth, gostei mais da sueca)
 

Esse livro faz parte do DesafioLiterário!

segunda-feira, 5 de março de 2012

#Resenha - Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley



Vários clássicos passam por nossas mãos sem que tenhamos, de fato, vontade de lê-los. Para mim, Admirável mundo novo sempre foi um deles; um desses livros que não chamavam muita atenção e do qual eu não tinha nenhuma expectativa. E eis que me deparo com uma história incrível, com um texto belíssimo e com alguns elementos que, na década de 30, pareciam distantes, mas para nós, estão cada vez mais próximos.
Admirável mundo novo é a história da Civilização moderna: crianças criadas em bocais, estruturação familiar desconhecida. “cada um pertence a todos”, e palavras como monogamia, mãe e pai trazem asco e horror. A sociedade feliz é aonde a sociedade moderna se firma. Castas, bebês dominados com idéias pré-concebidas, centenas de gêmeos idênticos que trabalham, trabalham, e, nas horas vagas, tomam “soma”, uma droga que os deixa fora de si e longe dos sofrimentos.
Nesse pano de fundo, conhecemos muitos personagens, até chegarmos na trama principal. Como será que um índio, que tem uma mãe e é leitor de Shakespeare, iria se sair no meio dessa sociedade alienada, cheia de gêmeos idênticos e sem famílias? A partir daí, um texto fluído narra a trajetória desse “Selvagem”, John. Ele é o típico homem das tradições, da religião e do amor.
Huxley surpreende por ter, em sua obra, uma linguagem rápida. Já no início do livro, ele intriga o leitor com cenas interligadas, intercalando-as de uma maneira que eu nunca tinha visto em um livro. A história, em si, tem um tema fraco; o modo, porém, como ele faz a tradução de uma sociedade projetada para 600 anos à frente de seu tempo, além de certeira, ser uma crítica ao andamento da sociedade rumo ao vazio - de sentimentos, de motivos e, principalmente, de pensamentos – é genial.   
O que vemos hoje é uma sociedade alheia a tudo (um exemplo disso são jovens que preferem baladas, as orgias coletivas e bebedeiras), e, traduzindo essa sociedade de Huxley para a nossa realidade, poderemos perceber que muito do “soma” são as nossas drogas, muito do “cada um pertence a todos” se reflete nessas baladas e que a coletividade está preguiçosa e não quer mais pensar, pois a internet deixou tudo mais fácil e rápido.
É um livro ótimo para refletir sobre atitudes coletivas, sobre a sociedade vazia e sobre como alguém diferente disso tudo pode viver nessa sociedade. Identifiquei-me demais com o Selvagem em algumas passagens. Vale a pena.

4 estrelas


P.S: Há uma adaptação para o cinema desse livro, com o mesmo título: Admirável mundo novo. Foi feito em 1998. Fiquei curiosa para assistir, mas morro de medo de me decepcionar, igual Fahrenheit 541 (filme mais parado que nem sei)

P.S 2: O único defeito da Globo de bolso, além dos errinhos básicos, é aquele maldito suplemento de leitura e o prefácio que entrega a história logo de cara. Deveriam mover aquele prefácio maldito e transformá-lo em posfácio. Fora isso, recomendo.

Essa postagem faz parte do projeto 501 grandes escritores =] 

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

#Resenha: Marina, de Carlos Ruiz Zafón



“Em maio de 1980, desapareci do mundo por uma semana. No espaço de sete dias e sete noites, ninguém soube do meu paradeiro (...)”

Editora Suma de Letras
Começando com uma premissa misteriosa, Carlos Ruiz Zafón nos apresenta ao universo de Óscar Drai, um menino de um internato que, nas horas vagas, escapa para dar caminhadas por Barcelona. Numa dessas caminhadas, Oscar encontra um casarão e um gato abocanhando um pardal. A partir daí, não há como contar mais nada sem comprometer a obra aos leitores que ainda não tiveram a oportunidade de ler.
like a boss haha!
Zafón conta a história de forma intrínseca. Ela vai se desenrolando de uma maneira única, e dificilmente o leitor vai conseguir largar o livro sem terminá-lo. Óscar, e principalmente Marina, são cativantes por si só, e a descrição de uma Barcelona aos olhos de Zafón são, inclusive, secundários, porém muito bem executados. Zafón não quer saber da Barcelona dos olhos do turista, e sim da Barcelona de seus olhos, que ele passa ao leitor com uma sensibilidade crua. Ademais, os personagens posteriores a que somos apresentados também são, detalhe por detalhe, imprescindíveis para a obra.
É difícil não imaginar cada cena descrita pelo escritor, e a cada linha, pude imaginar os traços de Marina, do Casarão, de Oscar e Gérman, e inclusive da Barcelona dos anos 70. Os detalhes são pontos fortíssimos construídos por Zafón, e isso me fez querer descobrir mais de sua obra. Apesar de uma história infanto-juvenil, Marina é um livro que pode ser livro por leitores de várias idades, e mesmo assim, cativar a todos. Foi uma leitura trnaquila e muito apreciada.

4 estrelas!
 

P.S: Como os personagens são muito detalhados, poderia até dar palpites de quem poderia fazer Marina no cinema e, arrisco dizer, ela ficaria perfeita pro papel!
Amy Adams, sua linda!

Esse é o quarto livro do Desafio Literário do Mês de Fevereiro :D Se quiser ler sobre Frankenstein, Werther e Lolita, clique!

P.S 2: fiquei tão feliz que uma das personagens ter o meu nome, apesar de ela ser uma bitch. Nunca tinha visto nenhuma Tatiana na literatura estrangeira haha.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

#Resenha: Cândido, ou o otimismo, de Voltaire


"tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis"

Sempre tive certo preconceito com relação a Voltaire, pois achava que era uma leitura culta e de difícil compreensão. Depois que comecei a ler as primeiras páginas de Cândido, percebi que estava completamente enganada.
Em tons de sátira, Voltaire faz uma crítica ao otimismo de Leibniz, um filósofo da época que acreditava que estávamos no melhor dos mundos possíveis, e que tudo que acontecia era o melhor. Nesse livro, Cândido é criado em um castelo por Pangloss, filosófo que ensinou a ele tudo o que ele sabia. Depois de uma série de tragédias em sua vida, o desenrolar da história é feito de maneira sublime, carregado de sarcasmo e com um final sensacional. Cândido acabou sendo uma leitura bem interessante, e acho que, qualquer dia, merecerá uma releitura.
Claro que, no primeiro momento, o leitor sem uma leitura prévia do iluminismo e dessa crítica a Leibniz talvez ache o livro otimista demais e não enxergue a sátira por trás do texto; ressalto, entretanto, que depois de uma rápida pesquisa, achará o livro fantástico, como eu achei. Estou ansiosa para as próximas leituras desse escritor, haja vista que ele influenciou diversos autores em suas obras, como George Orwell em "1984" e Aldous Huxley em "Admirável Mundo Novo".

4 estrelas!

P.S: a versão da L&PM Pocket, desta vez, foi boa, sem nenhum erro nem nada grosseiro no texto.
P.S 2: existem várias versão de título, como Cândido apenas, ou Cândido o ingênuo, mas é tudo a mesma coisa. 

P.S 3: Existe, também, uma adaptação para o cinema, mas é nacional. O Título é "Candinho", é uma comédia de 1954. Medo!
 

Esse post faz parte do projeto 501 grandes escritores  :)