quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

#Resenha: Lolita, de Vladimir Nabokov

“A Antiga Europa degradando a jovem América”; “a jovem América degradando a velha Europa”.

Esse trecho, escrito pelo próprio Nabokov, relativo a um comentário de dois leitores, resume bem o que é Lolita.
O livro é basicamente o resumo de toda uma vida que Humbert Humbert (pseudônimo criminoso do próprio narrador de sua história) teve com uma ninfeta de 12 anos, que ele conhece em Ramsdale, uma pacata cidade dos Estados Unidos. Desde o início, o livro já introduz o leitor à patologia sexual de Humbert, um intelectual de meia-idade que se sente atraído por crianças, e que mais tarde se comprova ser pior do que aparenta.
A história tem vários altos e baixos (mais altos do que baixos, diria), mas termina com explicações muito mais profundas do que um leitor de primeira viagem pode perceber, que são explicadas pelo próprio Nabokov e, posteriormente, por Martin Amis, que se encarregou do posfácio, ao menos na editora Alfaguara (muito boa aliás, recomendo, tem um português bem culto e uma capa bonita).
Certas partes do livro, principalmente na parte dois, fizeram o livro andar demasiadamente lento para mim, e numa dessas passagens, as excessivas impressões do cenário americano quase fizeram-me abandonar a leitura. Depois disso, o livro dá uma guinada mais emocionante e acaba bem, apesar de trágico.
As impressões que tive de Humbert tiveram variantes bruscas: de pena a repulsa, de comoção a ódio; em vários momentos sentia que ele era um monstro, e em vários momentos pude ver que era um louco, um demente apaixonado. No fim, acho que houve uma junção dessas impressões na minha leitura. 
O livro, terminado em 1955, obviamente chocou a sociedade com o seu conteúdo, e por isso, tem seu mérito de ser um romance importante para a história da literatura. Nabokov teve a habilidade de fazer um livro pornográfico sem linguagem pornográfica, e apenas com mensagens que davam a entender que Humbert era um viciado em sexo e a pobre Lolita, uma criança infeliz e constantemente subornada, violentada e apavorada.
Gostei mais da parte um, porque a parte dois me revoltou em alguns momentos, os mesmo que quase me fizeram jogar o livro pela janela; mas não me arrependo de ter lido, foi uma experiência ótima conhecer um dos mais famosos trabalhos de Vladimir Nabokov.

3 estrelas (daria 3 e meia se eu tivesse uma meia estrela hahaha)

 

P.S – A reprodução cinematográfica dessa obra está na lista dos 1001 filmes para ver antes de morrer. É o 390 da lista, e foi lançado em 1962 pelo grande Stanley Kubrick. Ainda não vi, mas não ouvi muitas críticas boas (preciso dizer que imaginei eles bem diferentes que o Kubrick?)
Sue Lyon e James Mason

Esse é meu terceiro livro para o Desafio Literário do mês de fevereiro e também mais um livro para a lista do meu projeto 501 grandes escritores, que vocês todos estão convidados a participar (:

8 comentários:

  1. Eu já li Lolita e tive as mesmas impressões que você. Em algumas partes também achei descritivo demais, mas o fim me surpreendeu positivamente. Nao esperava acontecimentos tão drásticos...
    Ótima resenha, você descreveu muito seus sentimentos (e meus) em relação ao Humberto...

    =)

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    1. Ah, que bom que gostou.. Tive certas surpresas que não esperava e passaram despercebidas, mas no fim a leitura foi boa :D

      valeu pelo comentário!

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  2. Este livro está na minha lista há tempo. Estas férias li um livro muito, muito interessante que faz uma leitura fantástica de Nabokov e outras obras literárias. Tudo imerso em um romance que cativa a leitura. É "Lendo Lolita em Teerã" de Azar Nafisi.
    Recomendo!
    Bjs,
    Mi

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    1. Ai, que bacana! vou procurar pra ler, parece interessante.

      Beijo!

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  3. Eu também já li esse livro, Mione, e posso dizer que o final me irritou um pouquinho, hehe. Não era preciso tanta desgraça!

    ;)

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    1. Tem razão Francieli, mas acho que se não tivesse, ele não teria me prendido até o fim hehehe

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  4. Eu assisti ao filme e gostei bastante, mas não li o livro. E pelas resenhas que eu já li, acredito que o enfoque do filme tenha sido bem diferente. No filme eu fiquei com pena dele e com raiva dela... A Lolita do Kubrick é tinhosa e irritante demais.

    Bjs!

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    1. Eu acabei vendo o filme também... Achei bom, não tudo aquilo... E realmente procede, principalmente no livro. Dá vontade de estrangular a guria, mas tem momentos que a gente entende ela e acaba odiando o Humbert
      Enfim, como disse, são junções de sentimentos

      beijo!

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