quinta-feira, 22 de março de 2012

#Resenha - Mulheres, de Charles Bukowski


Mais um autor do qual ouvi comentários muito bons. Não só sobre o modo diferente e único de sua escrita mas também pelas histórias em si. De qualquer forma, estava esperando uma leitura densa, com melancolismos excessivos e um toque de sarcasmo como tempero. Eis que me deparo com uma obra totalmente além das minhas expectativas.
Mulheres foi o terceiro romance da carreira de Bukowski. Escrito em 1978, o livro conta a história de Henry Chinaski, cinquentão apreciador de corridas de cavalos, lutas de boxe e, obviamente, mulheres. Chinaski vive uma vida regada a bebida e, incrivelmente, cercada de mulheres de todas as idades, desde os 18 até os 40. A surpresa que tive ao me deparar com um estilo de linguagem totalmente informal, e recheado de palavrões e pornografia, foi impagável. Até eu me acostumar com Bukowski levou certo tempo, mas é isso que faz as obras dele serem especiais: a parte técnica é esquecida completamente, e quando o leitor percebe, está vivendo a vida de Chinaski.
Véio mó style xD
A grande sacada do autor é falar da própria vida: Chinaski é o auter ego de Bukowski, criado em 1971. Perceber o personagem como o próprio autor é fantástico, e foi isso que me fez gostar cada vez mais do livro. Apesar de Chinaski ser o protagonista, a obra  conta com várias aparições de grandes personalidades femininas (a maioria delas com algum problema), e todas elas, invariavelmente, acabam sendo seduzidas pelo velho, por ele ser um poeta relativamente conhecido. E o que o homem faz de melhor é descrever as putarias que ele faz com as mulheres na cama (ou em outros lugares). 
O livro é ótimo, foi uma leitura inusitada e bastante apreciada. Prepare-se para um livro carregado de personalidade e linguagem própria, porque a impressão que tive é que estava sentada em um bar com o Chinaski ouvindo suas histórias, rindo e bebendo com ele. Acho que era exatamente com esse intuito que Bukowski escrevia desse modo: para abarcar todas as pessoas que se sentiam à margem da sociedade, como ele se sentiu a vida inteira. 

Gostei bastante e fiquei querendo mais dessa literatura!

4 estrelas
 

P.S: A capa da L&PM Pocket tem uma mulher nua na capa. Foi engraçado ver o olhar interrogativo das pessoas para o livro (inclusive minha própria mãe me xingou por eu ter comprado esse livro hahaha)

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terça-feira, 20 de março de 2012

Quadro semanal - Dicas de Português!

Oi felinos!



Estive pensando em como melhorar o blog, e decidi fazer um quadro semanal com algumas dicas básicas de português. Queria saber a opinião de vocês: gostariam de ler? Achariam chato? :P
O intuito é elucidar algumas coisinhas que passam despercebidas por nós, seja na regência ou na própria concordância. Posteriormente, organizaria as dicas juntamente com os meus outro projetos na barra de cima.
Eu mesma, às vezes, tenho algumas dificuldades, e isso é perfeitamente normal, até porque ninguém fica em cima do livro apontando coisas como "uau! olha um dígrafo! Meu Deus, acabei de passar por um Pretérito perfeito do indicativo" hahaha

Deixem suas opiniões :D


sexta-feira, 16 de março de 2012

#Resenha - Os homens que não amavam as mulheres, de Stieg Larsson




De uns tempos para cá, muita gente vinha falando do sucesso explosivo da trilogia Millenium, com grande entusiasmo. Sempre vejo essas empolgações com certa desconfiança, e desde que essa febre veio à tona, não me empolguei muito a ler. Entretanto, essa minha desconfiança não tinha razão de existir, visto que a literatura me surpreendeu de maneira bem positiva.
O livro se inicia com histórias paralelas. De um lado, Mikael Blomkwist, um jornalista de uma revista intitulada Millenium que foi acusado duramente de difamação e sentenciado a 3 meses de prisão por uma matéria caluniosa contra o industrial Hans-Erik-Wennerström. De outro, Lisbeth Sallander, uma garota problemática, com aspecto anoréxico, tatuagens e piecings pelo corpo e uma atitude antissocial, que trabalha para a Milton Security como investigadora freelancer. O que um jornalista bem sucedido que foi condenado e uma jovem com problemas têm em comum? E como essas duas vidas se veem entrelaçadas por um misterioso desaparecimento de uma jovem, que data de 1966? Todas essas lacunas e dúvidas são tiradas neste que é, além de uma leitura instigante, um livro muito bem escrito. Stieg Larsson soube como cativar o leitor, e  nos faz discorrer, sem cansar, sobre 522 páginas de uma história fascinante.
 Entramos na vida desses dois personagens que cativam logo no início, por suas personalidades distintas, mas muito bem estruturadas. Apesar de o livro cair, em algumas vezes, na repetição, e ter algumas passagens meio cansativas, o todo dele fez com que a leitura fosse cada vez mais necessária, para saber e descobrir todo o mistério. É por isso que é uma leitura relativamente rápida.
É fato que o desfecho deixou um pouco a desejar. Creio que o autor estava muito ansioso para entregar tudo, e o fez com uma avidez que me deixou com o pensamento de “por que ele fez isso?”. Mesmo que pudesse ser feito de outra forma, a história em si compensa. Estou ansiosa pelo segundo volume, e é uma pena que o autor tenha morrido em 2004, sem ver o sucesso mundial de sua obra inteligente e perspicaz (ao menos o primeiro volume, mas tenho certeza que os outros serão tão bons quanto este foi).

4 estrelas.
 

P.S tentei fazer uma resenha baseada na falta de informação do leitor. Li algumas antes de chegar na parte do livro que descobrimos a história principal (que ocorre lá pela página 91) e fiquei decepcionada, porque ainda não tinha chegado nessa parte e não sabia absolutamente nada da história (sim, não li nem a sinopse do filme!)
P.S 2 Essa trilogia era para ter 10 volumes, mas parou na terceira por causa do infarto do autor, que morreu com 50 anos. São eles: Os homens que não amavam as mulheres, A menina que brincava com fogo e A rainha do Castelo de Ar.

P.S 3 Mikael Blonkwist tem um quê de Larsson, pois ambos são jornalistas, têm uma revista fundada por eles que denunciam nichos diferentes e estão (ao menos na época em que escreveu) na casa dos 40 anos.

P.S 4 O livro têm duas adaptações: a sueca e a americana, que há pouco ganhou o Oscar de Melhor Edição e Montagem. Ainda, tinha mais algumas indicações, como a atriz que interpreta Lisbeth, Rooney Mara. Dizem que o filme sueco é melhor. Abaixo, respectivamente, suécia e Estados Unidos (Bem que podiam colocar uns atores mais sexys né... Cogitaram o Johnny Deep pra fazer o Mikael, eu apoiaria! Quanto à Lisbeth, gostei mais da sueca)
 

Esse livro faz parte do DesafioLiterário!

terça-feira, 13 de março de 2012

#Resenha - Antígona, de Sófocles






 Uma mulher reivindicando seus direitos em prol do seu irmão. 
Antígona vs Creonte. Deuses vs Humanos.


Nesta, que é uma das mais famosas tragédias gregas eternizada por Sófocles, vemos um texto que, longe de intimidar, faz com que seja uma leitura prazerosa e muito fluida.
Antígona é fruto do casamento incestuoso de Édipo e Jocasta que, indo contra toda a tirania e as leis humanas da época, munida de uma argumentação arrebatadora, exige que seu irmão Policides seja enterrado da mesma forma que Etéocles.
Tio sóf!
Os ritos sagrados para com os corpos sepultados era uma regra concretizada pelas leis divinas, e com esse argumento, Antígona decorre sobre como Creonte, o homem que tinha o poder nas mãos, estava indo contra essas regras, criando éditos que impediam esses ritos. 
Como toda a tragédia grega, fica claro que, com uma premissa dessas, jorra sangue pelas páginas. Mas o modo como Antígona argumenta e rebate todas as argumentações de Creonte é sensacional. Diria que é uma aula de Direito Antigo, onde as leis divinas predominavam e Antígona só estava tentando se valer desse direito para seu irmão. 
É uma ótima leitura, apesar de não ser grande fã das tragédias gregas, nem de peças, para ser sincera. Escrito em 442 a.C, esse livro continua sendo um referencial importante para o teatro e para a literatura, atravessando os anos sem perder o valor. E é fantástico que um livro tão antigo esteja em nossas mãos hoje. Diria que é uma honra ter lido Sófocles.

3 estrelas
 

P.S Esse livro faz parte da "Trilogia Tebana". Apesar de ser a primeira peça escrita, na verdade ela é a última, seguida de "Édipo Rei" e "Édipo em Colono". Ainda lerei esses outros dois.

P.S - Para ler o livro, e outros tão antigos quanto (Platão, Eurípedes, Ésquilo etc.) clique aqui. Achei esse usuário por acaso. Tem vários títulos interessantes reunidos.


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quinta-feira, 8 de março de 2012

#Resenha - A Revolução dos Bichos, de George Orwell

"Todos os animais são iguais; mas alguns são mais iguais que os outros"


A obra de George Orwell, escrita em plena Segunda Guerra Mundial e tomada de uma simplicidade poética, esconde por trás dessa poesia uma crítica dura ao totalitarismo de Stálin. Orwell acreditava que a URSS não aplicava o socialismo real, o qual ele acreditava, e que era necessário abrir os olhos da camada dos trabalhadores proletariados com uma história simples, e que falasse por si só. Segundo ele “se a obra não falar por si só, significa que ela fracassou”. Estamos diante de uma fábula belíssima que atravessou os anos sem nunca perder o valor, e, principalmente, o cunho histórico a qual está atrelada.
Os animais da Granja do Solar estão infelizes. Passam fome, trabalham muito e decidem, com as últimos palavras do Major, o porco mais velho da Granja, a fazer uma Revolução e expulsar o senhor Jones, o fazendeiro. Após o êxito da expulsão, Napoleão e Bola-de-Neve começam a comandar os outros bichos, criando leis e cuidando da “ordem social”, fazendo-os trabalhar para tocar a fazenda sem o proprietário. Os bichos estão felizes agora, regidos pelo Animalismo; são livres e trabalham para seu próprio sustento, fazendo comemorações com a bandeira com um casco e um chifre cruzados (muito familiar, não?). Mas até que ponto essa felicidade durará com os porcos na liderança?
As alusões claras à Stálin como Napoleão e Trotski como Bola-de-neve são evidentes por si só, e o fato de serem porcos dá à obra um tom de ironia ainda maior. Numa época em que não se falava mal sobre a URSS, e a Inglaterra estava cega diante das atrocidades cometidas no país, fica fácil concluir que o livro foi difícil de circular. Antes de ser aprovado, quatro editoras recusaram publicar, uma por questões ideológicas e as outras três por motivos irrelevantes.
Vale ressaltar alguns pontos históricos ao qual o autor se remete, a saber: Revolução Russa, a alienação histórica e das pessoas com relação a Trotski (a começar por você: sabe quem foi? O que fazia? Pois é, Stálin fez questão que você não soubesse tão facilmente) e, principalmente, a conferência de Teerã, com a reunião de Stálin, Churchill e Roosevelt a qual, particularmente, acho a parte mais genial da obra e fez com que eu a colocasse nos meus favoritos.
A história é simples, mas é tão valiosa em tantos sentidos que ao menos simpatia o leitor terá para com Orwell, se não achá-lo genial. Posteriormente, no término da Segunda Guerra e no começo da Guerra Fria, a obra foi utilizada como um panfleto contra o comunismo, inclusive contra a vontade do próprio autor, que era adepto. É uma obra espetacular, que deveria ser lida por todos, não por causa da crítica ao totalitarismo, mas pelo que ela representa na história.

5 estrelas


P.S A versão que tive o prazer de ler possui o primeiro prefácio que ele escreveu, para os leitores ucranianos, e que diz muito do sentimento dele em relação ao momento histórico em que se encaixava.

P.S 2 No posfácio fiz que Lênin não aparece na história, mas achei o Major tão com aspecto de Lênin que pra mim ele está na história, mesmo que indiretamente.


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segunda-feira, 5 de março de 2012

#Resenha - Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley



Vários clássicos passam por nossas mãos sem que tenhamos, de fato, vontade de lê-los. Para mim, Admirável mundo novo sempre foi um deles; um desses livros que não chamavam muita atenção e do qual eu não tinha nenhuma expectativa. E eis que me deparo com uma história incrível, com um texto belíssimo e com alguns elementos que, na década de 30, pareciam distantes, mas para nós, estão cada vez mais próximos.
Admirável mundo novo é a história da Civilização moderna: crianças criadas em bocais, estruturação familiar desconhecida. “cada um pertence a todos”, e palavras como monogamia, mãe e pai trazem asco e horror. A sociedade feliz é aonde a sociedade moderna se firma. Castas, bebês dominados com idéias pré-concebidas, centenas de gêmeos idênticos que trabalham, trabalham, e, nas horas vagas, tomam “soma”, uma droga que os deixa fora de si e longe dos sofrimentos.
Nesse pano de fundo, conhecemos muitos personagens, até chegarmos na trama principal. Como será que um índio, que tem uma mãe e é leitor de Shakespeare, iria se sair no meio dessa sociedade alienada, cheia de gêmeos idênticos e sem famílias? A partir daí, um texto fluído narra a trajetória desse “Selvagem”, John. Ele é o típico homem das tradições, da religião e do amor.
Huxley surpreende por ter, em sua obra, uma linguagem rápida. Já no início do livro, ele intriga o leitor com cenas interligadas, intercalando-as de uma maneira que eu nunca tinha visto em um livro. A história, em si, tem um tema fraco; o modo, porém, como ele faz a tradução de uma sociedade projetada para 600 anos à frente de seu tempo, além de certeira, ser uma crítica ao andamento da sociedade rumo ao vazio - de sentimentos, de motivos e, principalmente, de pensamentos – é genial.   
O que vemos hoje é uma sociedade alheia a tudo (um exemplo disso são jovens que preferem baladas, as orgias coletivas e bebedeiras), e, traduzindo essa sociedade de Huxley para a nossa realidade, poderemos perceber que muito do “soma” são as nossas drogas, muito do “cada um pertence a todos” se reflete nessas baladas e que a coletividade está preguiçosa e não quer mais pensar, pois a internet deixou tudo mais fácil e rápido.
É um livro ótimo para refletir sobre atitudes coletivas, sobre a sociedade vazia e sobre como alguém diferente disso tudo pode viver nessa sociedade. Identifiquei-me demais com o Selvagem em algumas passagens. Vale a pena.

4 estrelas


P.S: Há uma adaptação para o cinema desse livro, com o mesmo título: Admirável mundo novo. Foi feito em 1998. Fiquei curiosa para assistir, mas morro de medo de me decepcionar, igual Fahrenheit 541 (filme mais parado que nem sei)

P.S 2: O único defeito da Globo de bolso, além dos errinhos básicos, é aquele maldito suplemento de leitura e o prefácio que entrega a história logo de cara. Deveriam mover aquele prefácio maldito e transformá-lo em posfácio. Fora isso, recomendo.

Essa postagem faz parte do projeto 501 grandes escritores =] 

sexta-feira, 2 de março de 2012

#Novas compras [2]


Mais um post com as aquisições do mês de março. Compulsiva? Imagine!
Bem, já que eu já estava com bastante livros lidos da estante, resolvi comprar mais alguns que achei essenciais para ler. Entre livros clássicos e atuais, eis os escolhidos!







O primeiro da minha lista foi "Precisamos falar sobre o Kevin", de Lionel Shriver. Ouvi tanto, mas TANTO desse livro, que precisei, literalmente, "pagar pra ver" se era tão bom assim. E decididamente está em primeiro na fila. Obviamente que a intrínseca pecou muito nessa capa (odeio esses tipos de capa de filme), mas, como no Brasil ser leitor é ser burguês e é fazer as melhores escolha$, optei por essa edição metade do preço mais barata. Kevin Khatchadourian, menino de 16 anos, foi responsável por uma chacina em sua escola que matou 7 crianças (seus colegas), uma professora e um empregado. Estruturalmente, o livro é feito de cartas da mãe de Kevin, e discute muitos temas contemporâneos, tentando achar explicações de uma sociedade que fabrica esses adolescentes perturbados.
Na sequência, "O germinal", talvez o livro mais conhecido de Émile Zola. Gostei dessa capa da Companhia de letras, e o livro, ao que tudo indica, é de leitura densa e pesada. O Período? Século XIX. Germinal é o nome do primeiro mês da primavera do calendário da Revolução Francesa, e Zola foi a fundo nas questões das lutas dos mineiros, fazendo uma verdadeira pesquisa de campo. Ele foi tão a fundo que trabalhou com eles, então o tom de realidade da obra deve ser absurdamente cru e desumano.
O terceiro livro foi, na verdade, o último que peguei. Ainda estou com 1984 para ler, mas esse talvez venha primeiro porque me chamou mais a atenção e não tenho tantas expectativas como tenho para 1984. "Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. Escrita em plena Guerra Mundial, Orwell satiriza o a ditadura de Stalin; por conta de toda a contextualização que isso implicava, o livro acabou virando um planfleto contra o comunismo nos anos subsequentes. Estou super ansiosa para este, em especial.
O último, e não menos importante, é o clássico "insustentável Leveza do ser", de Milan Kundera. Depois de denúncias dos mineiros e planfletagem contra o comunismo, merecia um descanso (mas nem tanto né, porque leitura também é desafio!) . Esse romance erótico tem quatro personagens principais e um pano de fundo: Praga. mais especificamente, a invasão russa à Tchecoslováquia.

Bom pessoal, essas foram as minhas compras, e acho que vou ter que dar uma lidinha em história antes de ler cada uma haha!

Bônus: Só pra fazer uma brincadeirinha com o George Orwell!


  

A alusão ao escritor está no 2:20, ao ritmo de créu! hahaha

é isso por agora (e desculpem pelo funk, não pude evitar de lembrar haha)! Tchau felinos!

P.S: Desculpem pelo post meio desconfigurado... Foi uma guerra com o Blogspot que vocês não têm ideia D: Espero que não aconteça de novo...